Por
Douglas Rainho
A grande falácia
que é propagada sem resguardos no meio espiritualista é: “Todos são médiuns.”.
Apesar do
codificador do Espiritismo afirmar isso em suas obras básicas, não é bem assim
que funciona. A questão não é que os Espíritos estavam errados quando deram
essa afirmativa, mas sim que os espíritas e espiritualistas a entendem de forma
incorreta.
Primeiramente
precisamos entender o que significa a palavra Médium. Este é um termo utilizado
por Allan Kardec para descrever o meio de manifestação, logo médium, é o
intermediário entre o mundo dos Espíritos e o mundo material. Porém, a questão
se complica ao assumir a afirmativa sem ressalvas, ser médium todos realmente
somos, mas não da forma como muitos entendem a mediunidade.
A mediunidade pode
ser dividida em várias faculdades diferentes sendo as mais conhecidas de
psicografia, incorporação, intuitiva, auditiva e a vidência. Mas podemos ainda
subdividir em muito mais. Quando dizemos que todos são médiuns, queremos dizer
que todos são pontes que podem transmitir mensagens vinda do mundo espiritual
para os encarnados, mas geralmente isso vêm em forma de intuição, inspiração,
etc.
A maioria acredita
que ao se considerar médium logo estará incorporando espíritos, falando por
eles, servindo de transporte, fazendo viagem astral, vendo o mundo espiritual e
seus habitantes, ouvindo espíritos por todo lado e até mesmo escrevendo
romances ditados mediunicamente ou psicografados por desencarnados.
Realmente, somos
inspirados a todo momento através dos mentores espirituais, muitas vezes
sugestionados, guiados e até mesmo obsedados. Porém nem todos se tornam médiuns
Ostensivos ou de Trabalho, um termo que eu utilizo para designar médiuns com
faculdades mediúnicas ativas.
Isso não diminui em
nada a qualidade do ser. Na verdade, a mediunidade não é apenas um dom para
dotados. Já ouvi de alguns guias que os médiuns de trabalho geralmente pedem
para vir com essas faculdades para dar uma acelerada na evolução deste, já que
ele carrega algumas pendências a mais. Seja verdade ou não, nos faz tirar um
pouco esse glamour todo que é colocado em cima dos medianeiros.
O trabalho mediúnico
pede uma constante reflexão sobre si mesmo, sobre suas paixões, sobre seu meio
de vida e o que está fazendo nessa existência. Pede também comprometimento com
os dias de gira e sessão de trabalho, ater-se as regras e preparações pro
trabalho mediúnico e acima de tudo ter a ciência de que somos seres falhos.
Não é necessário
ter uma mediunidade ostensiva para ser um trabalhador espiritual, existem
muitas funções para todos dentro dos terreiros e casas espíritas. Os Cambones,
Assistentes, Passistas e outros, são muito necessários na assistência aos
médiuns incorporados e as entidades, auxiliando-o naquilo que eles pedem,
anotando as mirongas passadas, trazendo o consulente até ao guia, mantendo a
fiscalização em cima dos procedimentos gerais da casa e se o médium está o
seguindo, de ajudar na organização do ponto de trabalho, etc. Também temos os
Ogãs e a Curimba, os porteiros e diversas outras funções. Mas seja cavalo,
cambone ou ogã todos precisam possuir uma qualidade maior que a mediunidade, o
Amor pelo que se está fazendo.
Foque-se no
trabalho espiritualista e evangelizador que é a pregado através das palavras
dos Espíritos. Não se preocupe se você vai ou não ter contato com as entidades
extra-corpóreas ou se será um médium de incorporação. Ao invés de perder tempo
da sua vida – extremamente preciosa – tentando manisfestar e desenvolver algo
que não possui, pois parece que é mais elitizado, procure desenvolver os dons e
faculdades que foram conferidos a ti. Se eles existem em seu aparelhamento mediúnico
é por algum motivo, tente utilizá-lo da melhor forma.
Há uma grande
promoção de super-médiuns nos dias de hoje. Grande missionários que não
cumprimentam sequer o porteiro e tem em seu discurso um tom carregado de
preconceito. Para viver a espiritualidade é necessário vivenciar os
ensinamentos deixados também. Nada adianta se dizer médium de Jesus, sendo que
nem sequer você consegue perdoar as falhas dos irmãos. Somos seres em
desenvolvimento ainda, assim como nossa mediunidade.
Não acredite em
locais que querem te colocar para girar ou manifestar a mediunidade de forma
rápida e sem esforço. São enganações que você está sendo levado a crer. Se
desprenda dessa vaidade e saiba que mediunidade e trabalho mediúnico são sim
exigentes. Precisam de dedicação, de esforço e estudo.
Somos todos
médiuns? No sentido literal da palavra: Meio e intermediário, sim! No sentido
que se colocou como porta-voz dos espíritos: NÃO! E isso não invalida ou
diminui em nada sua missão na terra e junto aos Espíritos-guias.
Fonte: http://perdido.co/2015/04/todos-sao-mediuns-ou-nao/