O “Passe Espírita” e o “Passe Umbandista”
Alexandre Cumino
A palavra “passe” tem origem no Espiritismo, codificado por
Allan Kardec, e traz a idéia de “passar” ou “transmitir” algo a alguém.
Os Espíritos atuam sobre os
fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas
por meio do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os
Espíritos o que a mão é para os homens...
Pode-se dizer, sem receio de errar, que há nesses fluidos, ondas e raios de
pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios
sonoros...
pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais como o dos
desencarnados; transmite-se de Espírito a Espírito pelo mesmo veículo, e,
conforme sua boa ou má qualidade, saneia ou vicia os fluidos circundantes...
No “Passe Espírita” o médium manipula estes fluidos por meio
de técnicas que foram se desenvolvendo com o tempo. Aqui no Brasil devemos,
principalmente, a Bezerra de Menezes e Edgard Armond, o método já consagrado e
largamente utilizado em boa parte dos “Centros Espíritas”. A realização destes passes é feita por qualquer pessoa
de boa vontade que tenha estudado o método, para algumas situações, no entanto
é necessário certa sensibilidade ou Don mediúnico. A maioria dos métodos é
explicada por uma corrente de energia/magnetismo e fluidos que estabelecem um
circuito de forças entre “operador passista” e consulente.
“Quando o Espírito é de elevada
categoria, possui grande poder curativo, muito diferente e muito melhor que o
que possui o magnetizador encarnado.”
Edgard Armond [2]
O “Passe Umbandista” não é apenas um “passe magnético” ou
material e sim um “Passe Espiritual”, aplicado por um espírito. Assim como
Edgard Armond classificou diferentes métodos de aplicação do Passe Magnético
para diferentes necessidades, também os espíritos que se manifestam na Umbanda
aplicam métodos variados de acordo com a necessidade de cada consulente, dentro
dos variados recursos que cada espírito guia entidade/mentor, possui. Sem
esquecer que cada um recebe na medida de seu merecimento e afinidade, podendo
um encarnado bloquear uma ação positiva direcionada a ele mesmo como
conseqüência de sua postura mental. Pois muitos merecem, mas não estão abertos
emocionalmente ou psicologicamente para receber o que a espiritualidade lhe
oferece, por vários motivos como descrença, irritação, mentalidade critica e
posturas interesseiras desfocadas de um objetivo espiritual.
“Porém, enquanto nos centros
espíritas usa-se o passe magnético, nos centros de Umbanda também se recorre
aos passes energéticos, quando são usados diversos materiais (fumo, água,
ervas, pedras ou colares, etc.) que descarregam os acúmulos negativos alojados
nesses campos eletro-magnéticos... Nem sempre o que parece folclore ou
exibicionismo realmente o é. Se os mentores dos médiuns de Umbanda exigem
determinados colares de pedras, eles sabem para que servem e dominam seu
magnetismo, assim como as energias minerais cristalinas irradiadas pelas
pedras. Ervas e fumo, quando potencializadas com energias etéreas pelos
mentores, também se tornam poderosos limpadores de campos eletromagnéticos.”
Rubens Saraceni [3]
A finalidade é de alcançar maior êxito de acordo com as
necessidades, o merecimento e os recursos disponíveis. Cada entidade tem a
liberdade de aplicar a técnica que lhe aprouver, desde que dentro dos limites
de ética, bom senso e respeito. Embora haja um conjunto de métodos e recursos
característicos da Umbanda. Muitas entidades, em especial os pretos velhos, por
exemplo, realizam o benzimento, que se distingue do “Passe Magnético”, por
empregar uma ação mais relacionada ao poder do verbo . Também é possível identificar métodos complexos de
Magia Riscada (Magia de Pemba), abrindo espaços mágicos (Pontos Riscados) .
Entre os elementos mais utilizados podemos identificar velas, água,
óleo, pedras, essências, fumo, ervas, tecidos, ponteiros e a citada pemba (giz utilizado
para traçar símbolos), dentro de um ambiente de terreiro, mágico-religioso por
natureza. Nos métodos se observam rezas, orações, preces, evocações,
invocações, determinações e fórmulas mágico-religiosas associadas a banhos,
defumações, oferendas e outros.
Todos estes recursos estão mais ou menos associados ao
“Passe Umbandista”, no qual se cria um ambiente de Som, Cores, Aromas e Luzes,
capaz de inebriar de forma positiva todos os cinco sentidos do consulente a fim
de conduzi-lo a certo estado de consciência desejado.
Durante o “Passe Umbandista” observamos a entidade
espiritual fazer a imposição de mãos, segurar velas direcionadas aos chakras ou
traçando movimentos no ar, colocam colares (guias) no pescoço do consulente ou
o colocam dentro da mesma em circulo no chão. Atiram ponteiros em pontos
riscados, fazem gestos rituais e movimentos com os pés e mãos que nos faz crer
na “Magia Gestual”. Em meio a tantos recursos, que nos encantam e fascinam, nos
chama a atenção, em especial, o estalar de dedos, bem característico em quase
todas as linhas de trabalho. Muitas pesquisas e especulações já foram
realizadas sobre esta prática, entre elas são identificadas as energias que
existem na ponta de cada um dos dedos da mão, que são pequenos chakras ou
vórtices de energia , e, o “choque” vibratório desencadeado no ar
quando o dedo médio estala sobre a região da mão chamada de “monte de Vênus”,
causando vibração astral e sonora o que desperta certa energia dentro do campo
em que está atuando. Este “Estalar de Energias” pode assumir contextos vaiados
de acordo com o que esteja associado, por meio do pensamento ou movimentos.
Além deste contexto pode-se usar o estalar de dedos como um simples gesto de
descarregar as energias absorvidas pelas palmas das mãos. Um caboclo ou outro
espírito guia eleva sua mão ao alto (ou ao lado) buscando certa energia que
será irradiada ao consulente, num movimento rápido, ao mesmo tempo em que
transmite esta energia positiva, retira os eflúvios negativos e os “descarrega”
com um estalar de dedos.
Muito mais poderíamos escrever sobre o “Passe Umbandista” e
seus recursos, no entanto não pretendemos em um único artigo esgotar o que é
inesgotável. Fica aqui um comentário final sobre a importância do estudo, não para
complicar o que é realizado de forma tão simples por nossos guias de Umbanda,
mas com a finalidade de compreendermos o que eles realizam, com a consciência
de que eles sim estudam e estudaram muito para realizar este trabalho
espiritual. Não estudamos por um movimento do Ego ou para substituir a presença
dos mesmos, mas para lhes oferecer maiores recursos psíquicos, espirituais e
materiais. Estudamos para ver o quanto somos ainda “neófitos” (aprendizes)
nesta senda, em que Caboclo (a), Preto Velho (a), Baiano (a), Boiadeiro (a),
Marinheiro (a), Cigano (a), Exu e Pomba Gira são nossos Mestres.
Notas:
[1] Rubens Saraceni. Código de Umbanda. São Paulo: Ed. Madras, 2006.
P.79
[2] Edgard
Armond. Passes e Radiações: Métodos Espíritas de Cura. São Paulo: Ed. Aliança,
1997. P. 85
[3] Rubens Saraceni. Código de Umbanda. São Paulo: Ed.
Madras, 2006. P. 101
Fonte: http://www.espiritualidades.com.br
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