As crianças eram
levadas até Jesus para que fossem abençoadas por Ele, mas, os
discípulos as afastavam.
Então Jesus,
vendo o que estava acontecendo, indignou-se e disse-lhes:
“DEIXAI
VIR A MIM AS CRIANCINHAS, E NÃO AS IMPEÇAIS, PORQUE DELAS É O REINO DE DEUS.
EM
VERDADE, EU VOS DIGO QUE, QUALQUER UM, QUE NÃO RECEBER O REINO DE DEUS COMO
CRIANÇA, DE MANEIRA NENHUMA ENTRARÁ NELE”.
E,
tomando-as nos seus braços, Jesus as abençoou, pondo as mãos sobre
elas.
(Marcos
10:13 a 16)
As crianças precisam de
atenção. Esse foi o pensamento que me despertou para o trabalho com elas. Elas
são curiosas e sempre se aproximam com perguntas e comentários sobre o que veem
nas giras. Como é de se esperar delas, com autenticidade e simplicidade.
O ritual Umbandista desperta e estimula os sentidos. As
crianças gostam disso. Há cores por todos os lados. São velas, guias, flores e
imagens.
A defumação e o cheiro das velas queimando despertam o
olfato, assim como os doces e guaranás estimulam o paladar.
O contato, através dos passes com as entidades, desperta o
calor humano, em forma de carinho e aconchego.
As crianças ficam encantadas com a melodia e a letra fácil
dos pontos cantados. Desde pequeninas, entoam os pontos com facilidade e
prazer.
Elas não podem passar despercebidas na Umbanda, que tem em
uma de suas bases uma Linha de Trabalho totalmente dedicada às crianças
espirituais, cuja expressão nos remete ao bem e a pureza.
As crianças da Terra precisam da mesma atenção. Têm
prioridade de atenção, assim como em outras áreas e situações da vida.
A atenção precisa partir primeiro dos pais e responsáveis. A
criança aprende, principalmente, por imitação. Ética e religiosidade são alguns
dos valores que precisam ter nos adultos o exemplo.
Os espaços de convivência como a escola, a religião, a
vizinhança são determinados exclusivamente pelos adultos. O espaço religioso
precisa complementar, enquanto grupo social da criança, os princípios e valores
adotados e praticados pelas referências familiares.
Os pais umbandistas precisam cobrar dos dirigentes de suas
casas atenção à formação religiosa dos seus filhos. Essa é uma maneira de
despertar a comunidade umbandista para a necessidade de se educar as crianças
dentro dos princípios da religião e da convivência em grupo.
É preciso também se educar para a diversidade e para a
pluralidade, tão presentes em nossa Umbanda, despertando nas crianças, desde
cedo, valores como a tolerância, o respeito e a paz.
A Umbanda, contrapondo-se a valores ultrapassados, nos
desperta para a valorização das crianças, dos mais velhos, da natureza, da
diversidade de culturas, da inclusão, das mães e dos pais como instrutores do
espírito, da subjetividade, do equilíbrio material e espiritual, do
autoconhecimento, entre outros.
Será que essa riqueza de experiências e de conhecimentos está
sendo transmitida às nossas crianças para que lhes possa servir de orientação e
de respaldo em sua formação?
Precisamos refletir a respeito e questionar se estamos
aproveitando para nós mesmos, primeiramente. Somente assim poderemos ver a
importância de mostrarmos esse caminho chamado de Umbanda aos nossos filhos.
Aqueles pais que não reconhecem na Umbanda as possibilidades
de formação e de desenvolvimento dos seus filhos, levando-os nos trabalhos, mas
negando-lhes informação e esclarecimento, quando não os privam de serem
batizados em sua religião, muitas vezes por vergonha ou ignorância, precisam
repensar o que estão fazendo com e na Umbanda.
A Umbanda precisa de crianças instruídas em seus valores, mas
pra isso, precisa primeiro de pais, biológicos e espirituais, esclarecidos e
cientes dessa grande oportunidade, totalmente em consonância com os novos
caminhos da humanidade.
Seu Zé ressaltou também que é importante cuidar da formação
das crianças para que cheguem aos Terreiros mais preparadas para desenvolver a
mediunidade.
Se observarmos, a manifestação mediúnica está presente em
muitos grupos familiares. São avós, tios, mães, pais e filhos com mediunidade.
Por isso é tão importante orientar e preparar as crianças, com naturalidade,
para que não sofram desnecessariamente.
Muitas crianças que frequentam o Terreiro e não são filhos de
médiuns também apresentam, precocemente, sinais de mediunidade. Elas demonstram
determinação em relação à missão que trazem consigo.
Promovi o primeiro encontro de crianças sem muita
expectativa, impulsionada pela necessidade de dar o primeiro passo. Demorei um
ano e meio para fazer o segundo encontro, mas sempre o Seu Zé me lembrava, de
tempos em tempos, do meu compromisso com elas.
O segundo encontro de crianças finalmente aconteceu,
fortalecendo a vontade de que outros aconteçam e que não parem mais.
Senti-me muito encorajada e entusiasmada em dar continuidade
ao trabalho com as crianças, pois percebi que elas se mostram mais interessadas
em aprender que muitos médiuns.
É importante também preparar outras pessoas para que a
atenção às crianças seja permanente. Para tal é imprescindível que não dependa
apenas de uma única pessoa.
Foi este o pensamento que me fez escolher uma companheira de
trabalho, com tanta vontade quanto a minha para dar atenção às crianças.
Postado por : Samaria