PAI JOÃO DE ARUANDA
Grandes perdas às vezes significam grandes decepções.
Mas como perdemos aquilo que não é nosso?
Meus filhos julgam, às vezes, que perderam um ente querido pela morte.
Mas essa visão é errada. Solte o seu parente que você julga morto.
Aprenda a libertar a sua alma e deixar que ele voe nas alturas de sua
própria vida.
Muitos dos filhos acham que reter significa possuir. Engano. Na vida, o que possuímos de verdade é aquilo que doamos.
Se você desejar reter as almas queridas, através de suas emoções e
sentimentos desequilibrados, você se transforma aos poucos em pedra de
tropeço para aqueles que você diz amar.
Amor não é posse. Amar é doar, é libertar, é permitir que o outro tenha
a oportunidade de escolher e trilhar o caminho que lhe é próprio. Amar é
permanecer amando, mesmo sabendo que os caminhos escolhidos são
diferentes do nosso.
Então, meu filho, você não perdeu ninguém, não perdeu nada. Perdeu,
talvez, a oportunidade de aproveitar a experiência e aprender a mar de
verdade. Esse sentimento de perda é o maior atestado de uma alma
egoísta.
Ame mais, meu filho. Liberte-se e procure ser feliz. Mas, pelo amor de
Deus, deixe os outros prosseguirem e, assim, encontrarem também o seu
caminho. Ainda que seja do outro lado da vida. Ou talvez desse mesmo
lado. Quem sabe?
É preciso continuar amando. Mas é necessário que você entenda: seu
tempo em companhia daquela alma que você diz amar já passou.
Aprenda de uma vez, meu filho. Toda posse, todo apego é caminho para a obsessão.
Pense nisso um pouco.
Retirado do livro Sabedoria de Preto Velho Robson Pinheiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário