A música
foi feita para as pessoas se amarem. O som mexe nossos sentimentos. E também
fazia parte da cultura dos índios. É um mântra. Mas não é só isso. O som
repercute no éter. Ele vibra. A fala mansa domina e a fala grosseira irrita.
Ele tem um equilíbrio, regulando nossas emoções. Quando ouvimos uma música
forte, sentimos força interior. Ficamos mansos e dóceis ao som de uma música
suave. Quem não se lembra da suavidade da canção de ninar docemente cantadas
por nossas mães? E quem não se lembra dos sustos e medos passados na infância
por gritos histéricos de alguém? Imaginem estarmos sentados à beira de um rio,
olhos fechados, ouvindo o gostoso barulho da água formando pequenas marolas,
ainda premiado com o canto de um sabiá e outros pássaros e uma pequena brisa
nos refrescando. É um sentimento ligado ao som e ao movimento. Agora estamos
voltando para casa. Os carros em sentido contrário fazendo o ruído na janela, a
buzina dos apressados motoristas tentando a ultrapassagem, com o som ligado em
volume máximo, tocando um pagode imoral desses conjuntos comerciais ou as
barulhentas guitarras dessas bandas histéricas. Nossas emoções, com certeza,
serão diferentes.
O
movimento tem o mesmo efeito do som. Reparem que um andar seguro, calmo e firme
transmite uma personalidade segura. Um andar desordenado e atabalhoado agita as
energias em sua volta. Vejam um exército marchando. O garbo dos soldados
emociona a todos. Falei do andar. E a dança! Quantos efeitos ela causa. Quando
se fala em espiritualidade nosso parâmetro é Jesus Cristo. Jesus era um homem
sereno, de andar firme, gestos harmoniosos e voz suave, pausada e clara, o que
em absoluto me faz pensar fosse um homem triste. Ao contrário, imagino tenha
sido um homem levando sempre um sorriso a todos, mas nunca deve ter dado uma
gargalhada. Nas suas caminhadas não devia cansar, pois seus passos deveriam ser
firmes e uniformes, sem jamais correr. Se alguém me perguntasse qual o
movimento mais equilibrado que pudesse conceber, responderia, sem hesitação: o
levantar do braço de Jesus Cristo acompanhado de sua firme voz.
Assim
devem ser os Pontos Cantados e as danças na Umbanda. Se os pontos não forem
cantados dentro da sua harmonia, com a mentalização sagrada e religiosa de quem
vibra mentalmente nas irradiações dos Orixás e Guias, se tornam um amontoado de
sons, sem repercussão magística. É necessário que os pontos sejam mântras,
cantados com respeito, amor e vibração. Não se trata de formar um coral ou de
se fazer uma apresentação vocal. Trata-se de concentração, respeito e amor
naquilo que se está fazendo: invocando, louvando e irradiando caritativamente
as vibrações sagradas ou Guias de Trabalho da Umbanda.
O mesmo
podemos dizer da dança, que deve ser invocatória, harmonizada pelos gestos às
vibrações invocadas. Isto acontece na maioria dos ritos religiosos,
principalmente no Oriente. Canto e dança no louvor e invocação do sagrado.
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