Ciganos gostam de estar nas colinas para sentir a brisa perfumada,
ouvir a revoada dos pássaros canoros e absorver o calor do Sol.
Ciganos gostam de deixar no deserto pegadas incontáveis, no ritmo dos
dromedários, nas cores rutilantes de suas vestes, nas trilhas para os
caminhos secretos, nos átrios de velhas ruínas impregnadas de história.
Ciganos gostam do mar, do cheiro marinho, das ondas sobrepostas, das
estrelas iluminando o negro firmamento, do frio da noite, da clara Lua
refletindo sua prata.
O valor da vida para os ciganos nos chega como um brinde abençoado.
Eles nos mostram o poder do aqui, do agora, e o momento, como o mais
precioso tempo das nossas vidas. Um cigano beija a sua amada ou uma
cigana beija seu amado na testa, por profundo respeito, e olha em seus
olhos selando seu amor e vínculo. Palavras não traduzem estes momentos e
estes ficam guardados nos registros reencarnatórios, tal profundidade
de compromisso que se estabelece.
E assim, ensinam o apreço pela vida em sociedade, respeitando seus
iguais, as tradições, a famiília, sua hierarquia, lições de
solidariedade, força, zêlo. Os Ciganos do astral, tal como no passado,
gostam de fitas multicoloridas, dos pandeiros, lenços, xales, bailam em
fogueiras mágicas, ciganas rodopiando sob as palmas e compassos dos
ciganos à beira da roda. Usam as cartas, as moedas, borra de café, tiram
a sorte, tilintam suas pulseiras ao comando das carroças engalanadas e
daqui do outro lado às vezes conseguimos ouvi-los.
Há muitas lendas sobre o “Povo das Estrelas”. Alguns dizem que
surgiram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, numa região chamada
Gujaratna, localizada à margem direita do rio Send. Durante o primeiro
milênio da era cristã, dispersaram-se pelo mundo e se dividiram em dois
ramos: o Pechen que atingiu a Europa através da Grécia; e o Beni que
chegou até a Síria, o Egito e a Palestina.
Outros dizem que vieram do interior da Terra e esperam que um dia
possam regressar ao seu lugar de origem, num mito que nos parece
incompreensível, mas há uma lenda do povo de Shamballa e de uma cidade
chamada Agartha. Leiamos o que um autor descreve:
“Diz-se que, debaixo da terra, de todo
o mundo existem cerca de 100 cidades, das quais a maior é Agartha. O
Mundo subterrâneo seria conhecido como Shamballa. Os habitantes deste
mundo, como sabemos a partir dos documentos, deixaram a superfície do
mundo, 100.000 anos atrás, depois da catastrófica guerra entre atlantes e
lemurianos, as duas grandes civilizações que dominaram a Terra naquele
tempo” (www.curaeascensao.com.br)
O
Povo Cigano tem um dom, de saber olhar profundamente nos olhos, e ler a
mente e a alma do outro. A partir daí, e com o conhecimento da
quiromancia, conseguem se integrar ao campo vibracional e lê o passado e
o futuro do consulente. Quem começa a ler a mãos dos outros apenas a
partir de um estudo das linhas da mão, não conseguirá acessar toda
verdade a ser dita. Por outro lado, a cigana não terá permissão do
astral para falar tudo o que sabe. Esta arte, é muito útil para os
ciganos que já tem seus espíritos esclarecidos para trabalhar no astral
junto com os Benfeitores da Luz, e inclusive na Umbanda, em geral
chegando na vibração do Povo de Oriente, quando evoca-se o Orixá Xangô,
ou Almas, caminhando frequentemente com os Pretos Velhos da Umbanda, e
ainda na que se chama Linha da Esquerda, na vibração dos Exus. Esta
falange abençoada integrou-se perfeitamente à Umbanda, porque
milenarmente aprendeu a respeitar a Mãe Natureza e os seus ciclos, sua
Energia, sua vibração.
Quem tem em sua coroa um cigano ou cigana, acaba absorvendo um pouco,
ou muito, do modo de ser do cigano. Pois um guia cigano conduz o médium
a dançar na alegria e na tristeza, ensinando-lhe a observar e apreciar
todos os momentos como ensinamentos que não podem ser desperdiçados.
Acabam refletindo na vida as atitudes, a passionalidade, o vínculo com a
família, da mesma forma que refletirá as qualidades de um espírito
cigano esclarecido, como possuir um código de ética, honra e justiça,
seu amor à liberdade, que muitas vezes acaba incomodando o sistema.
O Povo Cigano reverencia com todo seu coração à Santa Sara Kali.
Interessante é que esta santa católica, não foi canonizada como os
outros santos católicos. Na verdade ela incorporou-se à história do
catolicismo, entrando como uma serva núbia que teria acompanhado as três
Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia
fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o
cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga
Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e
atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua
vez ficou conhecido como “Saintes Maries de La Mer” . Interessante
ressaltar, que há outras lendas onde o Santo Graal realmente aportou na
Grã Bretanha, e está profundamente ligado às lendas de Avalon e do Rei
Arthur. Lembrando que a história de Avalon conta sobre uma ordem de
sacerdotisas de origem céltica e com conhecimento druidico. Os druidas
por sua vez, foi outro povo que tinha como Lei Máxima as forças da
Natureza, respeitando-a profundamente e realizando todo o tipo de magia a
partir da manipulação das energias da mesma. Os ciganos também estão
ligados à Kali – a deusa negra da mitologia hindu, da qual parece ter
vindo o sincretismo católico associada a figura de Santa Sara.
O
fato é que, embora tenhamos profunda reverência e admiração por este
Povo, cujas origens infelizmente vão se apagando na atualidade da Terra,
eles continuam muito vivos em sua atuação no astral, mas sempre
rodeados de muitos mistérios aos quais ainda não foi dada a explicação.
Mas serão sempre caminhantes e nossos companheiros, ligados por
compromissos cármicos e evolutivos, nos auxiliando, nos dando apoio e
Força, em sua maneira peculiar de nos mostrar o caminho e nos fazer
observar, muito mais que proferir muitas palavras.
Aproximando-se a data em que se comemora e reverencia-se Santa Sara
Kali, deixamos nosso apreço, nossa admiração, nossa crença a esta
maravilhosa entidade, que vem de muito longe nos auxiliar, nós, humildes
médiuns de Umbanda ainda entrelaçados na ambiência pesada deste orbe.
Que sua Luz afaste de nós toda confusão e clareie, como uma alvorada
magnífica em nossos corações, os conceitos de Bem, de retidão, de
Esperança e de Fé. Não nos permita fechar o senho, deixar fugir o
sorriso de nossas faces seja diante qualquer adversidade, pois temos de
dar o exemplo ante o mundo, que acreditamos num amanhã melhor, na
evolução dos espíritos e na superação da matéria. Deixamos nossa súplica
sincera, que possamos ter as melhores qualidades dos ciganos, e burilar
nossas próprias personalidades, sempre respeitando o outro, mas
mantendo a noção de fraternidade, solidariedade, de amor, tecendo do
lado de lá e do de cá, uma rede mágica, inquebrantável, de vibrações
positivas, construtivas e luminosas.
Salve Ciganos da nossa Umbanda amada!
Salve Santa Sara que sempre vela por nos!
Opchá! Opchá!
Saravá Umbanda!
fonte : http://povodearuanda.wordpress.com